Por Audaci Jr
Quando o Plutoniano, o maior super-herói da Terra, enlouquece e se torna o pior vilão do planeta, apenas os seus ex-aliados de combate ao crime têm uma chance de deter a sua onda de violência.
“Mark Waid é mau”, foi o que se estampou a publicidade da Boom! Studios, na época do lançamento nos Estados Unidos, em 2009, da nova série do autor.
A premissa não é original: o que aconteceria se o maior super-herói do mundo se voltasse contra a humanidade e seus colegas de capa e colante?
Waid – que chegou a ser editor-chefe e editor-criativo da editora norte-americana – destila a sua “maldade” fechando um ciclo sombrio no gênero, iniciado em O Reino do Amanhã (junto com Alex Ross) e Empire (minissérie inédita no Brasil, com o traço de Barry Kitson, na qual o heroísmo puro e nobre não existe).
O mais interessante em Imperdoável não é a sua batida proposição, mas o caminho que o escritor pavimenta para mostrar como um “escoteiro” com superpoderes equivalente aos do Superman pode ser corrompido pelo mal.
Como o autor fala na sua introdução para este primeiro volume com os quatro primeiros capítulos (que terminou lá fora no número # 37, em 2012), não existe um interruptor para a vilania. Consiste em uma série de fatores que, aos poucos, vai edificando-a, como suas perdas, fraquezas, traições e decepções.
Um exemplo a que a situação remete é a fase do Alan Moore em Miracleman/Marvelman, na qual seu parceiro-mirim se torna vilão por ter sido “abandonado” pelo mentor às portas de sua adolescência.
Mas as semelhanças param por aí, já que Moore não mostrava os detalhes do processo de deturpação ideológica do personagem, o foco de Mark Waid em Imperdoável.
O ponto positivo vai para os motivos serem descortinados aos poucos com a investigação e lembranças dos seus ex-aliados do Plutoniano, uma espécie de Liga da Justiça que é caçada pelo vilão, ao mesmo tempo em que procura uma solução para detê-lo.
As peças do quebra-cabeça mostradas em flashbacks vão de sutilezas escutadas pela superaudição do protagonista até a revelação de sua identidade secreta para o amor de sua vida, sua “Lois Lane”, mas de maneira desastrosa.
Outros fatores que garantem a atenção na série são os mistérios que orbitam o Plutoniano: não se sabe sua origem (ele é um mutante? Alienígena?) ou seus verdadeiros motivos por parecer brincar e se divertir com a destruição paulatina dos super-heróis e da humanidade (a sequência de Cingapura no final do volume mostra como Waid é um “cara mau”).
Em contrapartida, a arte de Peter Krause é a mais funcional possível. Lembrado pelo seu traço na revista em formatinho Shazam! (Abril), com argumento de Jerry Ordway, o artista peca muitas vezes pela desproporção anatômica dos personagens e pela falta de criatividade nos seus enquadramentos e diagramações.
Além do primeiro arco de histórias e da introdução de Mark Waid, a edição da Devir apresenta um posfácio assinado por Grant Morrison e as capas (originais, alternativas e promocionais) de nomes como John Cassaday.
Vale lembrar que o volume em brochura, laminação fosca com reserva de verniz e orelhas possui as dimensões menores que o tradicional formato americano (16 x 23 cm).
Com um bom gancho, que mantém o interesse para os próximos volumes, Imperdoável (indicado a prêmios como o Eisner e o Harvey, em categorias como Melhor Escritor e Melhor Série) se revela uma alegoria bem cuidada sobre o lado sombrio e corruptível do poder absoluto.
Imperdoável - Volume 1
História: Mark Waid
Arte: Peter Krause
Miolo: 128 páginas coloridas em papel cuchê 90g
Formato: 16,0 cm × 23,0 cm
Arte: Peter Krause
Miolo: 128 páginas coloridas em papel cuchê 90g
Formato: 16,0 cm × 23,0 cm
Preço: R$ 45,00
Av. Nego, 255, Tambaú (João Pessoa-PB)
Telefone:(83) 3227 0656
E-mail:vendas@comichouse.com.br
Twitter: @Comic_House
(Publicado originalmente no site Universo HQ no dia 18 de outubro de 2013)
No comments:
Post a Comment