Os anos 50 e 60 ecoam em nossas mentes como duas décadas de genialidades em cada esquina no mundo da música. Lá estavam The Beatles, Rolling Stones, Jerry Lee Lewis, Elvis, Bob Dylan, Johnny Cash entre outros de uma lista quilométrica. Todos de certa forma e a sua maneira se influenciaram e inspiraram os que vieram nas décadas seguintes. A rebeldia era palavra de ordem, rock and roll virou sinônimo de problemas, pois havia ali não só uma geração artística sendo revelada, mas também um grupo de jovens que estava ferozmente contestando a própria escuridão pós-guerra em que viviam. Suas contestações se davam por meio da música e/ou de suas modas ou comportamentos. Ser jovem, mais do que nunca, era levar a palavra “rebelde” à patamares bem acima daquele que os adultos da época estavam acostumados. Os artistas, por sua vez foram catapultados ao status de “Gurus “ ou “Deuses” que teimavam em caminhar entre seus súditos mortais. Cada declaração proferida por eles tomava proporções de fazer inveja ao twitter. O problema, para muitos destes donos da verdade, era que eles mesmos não estavam preparados para aquele patamar alcançado e com isso suas vidas pessoais eram uma verdadeira bagunça. O status, drogas, dinheiro, fama, sexo não é uma boa combinação quando se é despreparado emocionalmente pra lidar com ela.
E é justamente neste contexto que encontramos o jovem Cash, oriundo de uma família religiosa e tradicional. Da mesma forma que Elvis, sua iniciação musical foi no Gospel. Já casado e residindo em Memphis, meca do cenário musical norte americano, Cash e seus dois amigos, que compunham a banda Tennessee Three, encontram o sucesso após gravarem seu primeiro sucesso com o mitico produtor Sam Phillips, da Sun Studio. Daí pra frente o sucesso é caminho certo, mas agendas apertadas, shows em várias cidades e estados virou pretexto para o uso das pílulas pra não dormir para alguns. Para completar, problemas no casamento fizeram Johnny chegar ao fundo poço. Mesmo assim, conseguiu se reerguer com ajuda da família e de June Carter, a qual se tornaria a futura Srª Cash.
A princípio Johnny Cash – Uma biografia do alemão Reinhard Kleist, poderia ser uma cópia melhorada ou estragada do filme Johnny e June, se não fosse por pela linha narrativa diferente e não ter sido oportunista de fazer a HQ por causa do filme, já que o prejeto é anterior ao lançamento da película. Kleist nos apresenta uma obra composta por duas linhas narrativas, uma pelo próprio Johnny Cash, em que testemunhamos sua infância com dificuldades financeiras, a morte trágica do irmão, casamento, divórcio, drogas, prisão e as amizades com os interpretes da época. Em suma ascenção - queda - ascenção. E outra pela ótica de um fã, Glen Sherley, detento do presídio de Folsom, local que será responsável pelo lendário show de retomada da carreira de Cash e de como estas duas histórias irão se unificar. Além das linhas narrativas, o roteiro também enfatiza a história por trás das canções, que se materializam como pequenos episódios durante a obra.
Outro ponto que merece destaque é a arte toda em preto e branco de Reinhard Kleist, mostrando excelente domínio da técnica, tanto na composição de personagens quanto de cenários.
Uma obra pra ser lida e relida e que nos faz pensar que mesmo que ele (Cash) tenha visto sua própria escuridão em um solo de sua guitarra, ela não lhe tirou a esperança.
Título original: Cash - I see a darkness
Publicado pela 8inverso em 2009
Brochura, 17x24cm
244 páginas em preto e branco
R$ 45,00
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